terça-feira, 20 de julho de 2010

Serra, apenas um favor.


Peço um favor ao senhor José Serra, candidato à Presidência da República neste ano de 2010. Não sou dado ao preconceito precípuo de nossa língua, e tampouco pretendo demonstrar um respeito maior que o que tenho por todo e qualquer integrante da espécie humana, portanto dispenso os pronomes de tratamento. Serra, peço encarecidamente que o senhor assuma um compromisso de campanha: não morrer. Ao menos enquanto durar este possível e nefasto mandato, o senhor não pode morrer. Escreve aqui Felipe Esteves, jornalista autoproclamado e revolucionário da comunicação.

Me envergonho a cada dia da direção que os magnatas, mega-empresários, políticos e banqueiros do poder dão ao nosso país. Não bastasse toda a iniquidade que defendem como se fora a própria vida, não bastasse a fome e a miséria a que somos submetidos como povo pobre, não bastasse a nossa censura passiva de todos os dias, me obrigam agora a aceitar a possibilidade de votar em um candidato à presidência como o senhor José Serra, aliado histórico dos coronéis e latifundiários, filho preferido dos jornais fascistas e da historiografia mentirosa. Aceito resignado esta imposição, certo de que o melhor a fazer é vê-lo perder nas urnas, embora pra outro candidato que não seja lá grande coisa.

Me envergonho igualmente da possibilidade, ainda que pequena, de um dia ser presidido por um político como José Serra, e ser visto assim na rua. Lá vai mais um brasileiro, representado por José Serra. É a visão do inferno, é uma imposição que espero não ter que acatar. Mas me envergonho mesmo é de que neste processo eleitoral que ora se inicia, exista, subjacente às chances do azar que já expus, o nome de Índio da Costa como possível Vice-Presidente da República.

A atual figura grotesca da UNE está perfeitamente representada pelo bizarro vice-candidato. Uma instituição bajuladora, assim como seu ex-presidente. Uma entidade sem representatividade, assim como seu ex-presidente. Uma instância de poder injusta, esvaziada e nostálgica, como demonstrou ser seu ex-presidente em seus devaneios juvenis das "Narrativas de um Índio na Ilha". Um político nojento, assim como a instituição que presidiu.

Não posso tolerar a pequeníssima chance de ter diante de mim o senhor Índio da Costa. Em suas últimas declarações, numa notável falha de seu orgão de assessoria, disparou frases que estou seguro, fizeram os velhos caciques do PSDB tremerem. Imagino o senhor Tasso Jereissati, que herdou de seu dinossauro progenitor, além do gosto pela calhordisse, a cadeira de Senador da República, telefonando para Deus e o mundo, esbravejando contra a meninisse de seu futuro desafeto. Imagino o senhor Aécio Neves gargalhando de um nervoso mal contido, revanchista de seu preterimento, ainda sob os efeitos de seus ansiolíticos preferidos. Imagino o Fernandinho preocupado com a infeliz candidatura à Academia Brasileira de Letras, posto que só ocupará caso se levante da cadeira da imortalidade o Sr. João Ubaldo Ribeiro.

O conteúdo das declarações é falacioso, e segundo consta da cartilha "COMO SER ELEITO NO BRASIL",
redigida pelo grande escritor Sr. Bom Senso, este tipo de coisa costuma atrapalhar os planos de quem pretende ganhar uma eleição. Mas eu não defendo o PT, ele que o faça. Defendo aqui, apenas a minha honra enquanto brasileiro que não pretende ser minimamente representado pelo Índio da Costa. O PSDB deveria retirar a candidatura do rapaz, mal posso suportar a ideia de que o povo brasileiro considere este projeto como alguém sério e comprometido com a justiça.

É em nome da minha dignidade, em nome da honra que construí com meu trabalho em prol da liberdade e do humanismo, que venho pedir, resignadamente, um favor ao meu inimigo, suplicando por sua misericórdia e solidarierade: por favor, José Serra, caso nosso trem saia dos trilhos e o senhor seja realmente eleito, não morra. De minha parte, prometo que passarei a torcer por sua saúde como nunca antes, e me comprometo desde já a ajudá-lo com horários de médicos e remédios que, as aparências não enganam, o senhor já precisa e precisará (sobretudo tendo em sua sombra, tal qual Brutus, um perfeito fanfarrão das praias cariocas).

Não morra. Ainda que você repita as falácias mentirosas do adolescente, numa desesperada e irremediável tentativa de reparar aquelas besteiras, não nos faça passar pela vergonha de ter que dizer a nossos filhos que certo dia, subiu ao planalto um Índio desse naipe. Seria além de tudo mais uma injustiça contra nossos primeiros antepassados. Esta talvez seja, Sr. Serra, a sua melhor oportunidade de abrandar o teor de seu registro na história como mais um sofrível político.

Felipe Esteves

Um comentário:

  1. Felipe,

    vocês dão importância demais ao serra. Ele está morto e esqueceram de enterrar. Não perca seu tempo.

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